Dados do Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referente ao Censo 2010,
revelam que na Paraíba existem mais de 18,5 mil pessoas com Síndrome de
Down. Em média, a cada 660 crianças, uma nasce com a síndrome, que é
resultado de uma mutação genética. Além das instituições filantrópicas, essas
pessoas contam com a Fundação de Apoio ao Deficiente (Funad) que tem 287
usuários com esse perfil. Até o ano passado, mais de 11 mil dessas crianças,
adolescentes e adultos se matricularam no sistema regular de ensino.
A Secretaria de Estado da
Saúde, (SES) em parceria com a Funad, implantou em 2011 o programa “SOS Bebê de
Alto Risco”, que acompanha e orienta as famílias de gestantes com gravidez de
alto risco sobre os encaminhamentos e assistência oferecida às crianças que
nascem com atraso de desenvolvimento ou alguma sequela neurológica. Foi feito
convênio com seis maternidades públicas e privadas.
“Através desse programa nós
pudemos auxiliar as famílias que recebem um filho com Sídrome de Down e
destruir alguns mitos, preconceitos e inseguranças que possam haver entre eles.
Depois disso encaminhamos essas famílias às instituições que podem fornecer
assistência a essas crianças”, explicou a presidente da Funad, Simone Jordão
Almeida.
Uma das crianças que
chegaram à Funad com dois anos de idade e hoje já está concluindo o ensino
fundamental no sistema regular de ensino é Larissa Cristina Barbosa dos Santos,
de 22 anos. Ela falou da autonomia que alcançou com a ajuda dos professores da
Funad e contou que aprendeu muito mais que ler e escrever. “Já fiz aulas de
teatro, de dança e até de capoeira. Eu gosto muito daqui porque tenho muitos
amigos, mas também tenho amigos na escola onde eu estudo”, comentou a
estudante, que revelou ainda até já ter “paquerado” com um amigo na Funad.
Larissa é aluna da escola
Antônio Rangel, no bairro da Torre, em João Pessoa, e contou que suas melhores
amigas são as irmãs Ruama e Luainá. “Eu gosto muito de conversar com elas, mas
só na hora do intervalo. Na hora da aula eu fico quieta e presto atenção na
professora, mas as matérias são fáceis”, disse. Ela está no sistema regular de
ensino há quatro anos, sem dificuldades e, hoje, já é independente nos estudos.
A jovem fez questão de
mostrar seu talento para a dança e fez uma apresentação de rap ao lado de sua
professora Danielle Caldas. Mas ela caprichou na dança do ventre que fez
sozinha e que foi aplaudida pela sua tia Elizabeth Barbosa dos Santos. Danielle
Caldas contou que o grupo de dança da Funad já fez apresentações em diversas
cidades da Paraíba e também em outros estados, como Sergipe.
A superação também foi
destacada pela dona de casa Maria José Souza Lopes. Ela é mãe de Joyce Caroline
Souza Alves, de quatro anos, que tem Síndrome de Down, e contou que, descobriu
a síndrome em sua filha através do exame de cariótipo, mas disse que sempre
achou que “ela tinha alguma coisa diferente, especial”. Há um ano Maria José
leva sua filha à Funad e contou que verificou avanços no desenvolvimento
sensorial e cognitivo de Joyce.
“Com um ano e cinco meses
ela já começou a andar e as professoras comentaram que foi rápido o
desenvolvimento dela. Agora ela já começou a falar e está naquela fase de
repetir tudo que a gente fala. É uma graça”, disse, sorrindo, Maria José, que
também observou que sua filha não tem doenças relacionadas, como é comum nos
casos de pessoas com a síndrome.
Maria José contou que a
chegada de Joyce trouxe mais proximidade e união para sua família, até mesmo
para sua primeira filha que, segundo ela, é a principal defensora de Joyce.
“Tudo melhorou na nossa vida depois que ela chegou. Todos temos paciência e
respeitamos o tempo que ela precisa. Ela é muito carinhosa e não tem como não
amar uma pessoa tão especial assim”, exclamou.
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