sexta-feira, abril 27, 2012

Transporte público: gratuidade para pessoas com deficiência completa três anos em Fortaleza

Fortaleza comemora o terceiro ano da garantia da gratuidade para pessoas com deficiência nos veículos do transporte público da cidade. O benefício já contempla mais de 12 mil pessoas com deficiência, sendo que  sete em cada 10 beneficiadas têm direito a acompanhante em suas viagens gratuitas nos ônibus da cidade.
Para poder se deslocar gratuitamente, sem limitação de quantidade de viagens, restrições de itinerários ou de dias, é necessário comprovar a deficiência através de laudo médico e se enquadrar em critérios socioeconômicos estabelecidos em lei  específica.
Os cidadãos contam ainda com 74 vans acessíveis e 40 táxis do Serviço de Táxi Inclusivo, que já está há um ano em circulação e permite que tanto pessoas com deficiência quanto pessoas sem deficiência ou mobilidade reduzida circulem pela cidade pagando a mesma tarifa dos táxis convencionais.

Ceará está entre os três estados com maior índice de pessoas com deficiência do país

O Ceará está entre os três estados brasileiros com o maior percentual de pessoas que apresentam algum tipo de deficiência. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 27,7% da população cearense, aproximadamente 2,3 milhões de pessoas, apresentam limitações motora, visual, auditiva ou psicológica.
O dado foi divulgado nesta sexta-feira (27)  com base no censo populacional de 2010.
Os maiores percentuais foram encontrados nos estados do Rio Grande do Norte (27,8%) e Paraíba (27,8%).  Já os estados de Roraima (21,2%), Santa Catarina (21,3%) e Mato Grosso do Sul (21,5%) apresentam as menores incidências.
No Brasil, 45,6 milhões de pessoas possuem algum tipo de deficiência investigada, o que representa 23,9% do país.
Dos oito milhões e meio de habitantes que residem noCeará, 1,8 milhão de pessoas disseram apresentar deficiências visuais. Outras 526 mil mostraram dificuldade auditiva, enquanto que 628 mil tinham problemas motores e 125 mil apresentaram problemas mentais. Ainda de acordo com o estudo do IBGE, 6,1 milhões não tinham nenhuma dessas deficiências.

terça-feira, abril 10, 2012

Internada há 36 anos em UTI lança livro de memórias escrito com a boca


Faz 36 anos que Eliana Zagui vive deitada num leito de UTI do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo. Vítima de paralisia infantil aos dois anos, ela perdeu os movimentos do pescoço para baixo. Respira com ajuda de equipamentos.
Na cama, a menina se formou no ensino médio, aprendeu inglês, italiano, fez curso de história da arte e tornou-se pintora. Tudo isso usando a boca para escrever, pintar e digitar. Hoje, lança (só para convidados) seu primeiro livro: "Pulmão de Aço - uma vida no maior hospital do Brasil" (Belaletra Editora).
Pulmão de aço é o nome de uma máquina, inventada na década de 1920, parecida com um forno. As pessoas com insuficiência respiratória eram colocadas dentro dela, com a cabeça de fora.
Eliana ficou cinco dias lá dentro, mas não funcionou. A pólio havia paralisado completamente o diafragma e a deglutição. Ela teve, então, que ser conectada para sempre a um respirador artificial. Só consegue ficar poucas horas longe do aparelho.




 Entre 1955 e o final da década de 70, 5.789 crianças vítimas da pólio foram internadas no HC. Sete delas, atingidas com mais severidade, ficavam lado a lado na UTI. "Nós nos apegávamos um ao outro, como numa grande família. Era a única maneira de suportar aquilo tudo", lembra Eliana.
Da turminha, só sobreviveram ela e Paulo Machado, 43, que divide o quarto com a amiga e cuja história de vida também aparece no livro. "A Eliana é minha irmã, a minha família. Tem temperamento forte. Quando vejo que ela está brava, coloco os fones de ouvido e fico na minha", diz.
Eles poderiam viver com suas famílias, com o apoio do hospital. Mas nunca houve interesse por parte delas. Os parentes raramente os visitam. "Não me magoo mais. Já sofri muito e hoje aprendi que cada um é cada um."
Eliana e Paulo passam a maior parte do tempo na internet. Ela gosta de sites de relacionamentos, de pintura e artesanato. Paulo é aficionado por cinema. Está envolvido na produção de uma animação cuja protagonista é Teca, o apelido carinhoso pelo qual chama Eliana. E, para ela, o amigo é o Teco.
Quando é necessário, ele faz as vezes de irmão mais velho. "Dias atrás, eu me irritei no Face [Facebook] e postei uma mensagem malcriada. O Paulo viu e me chamou a atenção", conta Eliana, que chegou a ter 3.000 amigos virtuais. "Fiz uma limpa no final do ano e só deixei uns cem. Agora tenho uns 300, mas preciso limpar de novo."
A saudade dos amigos reais, os quais viu morrer um a um, é o que mais a entristece. "Foram momentos tão bons. Mas não voltam mais."
No livro, ela relata que flertou com o suicídio. "Avaliava as possibilidades: arrancar a cânula da traqueia com a boca, cortar ou furar o pescoço." E encerra com humor. "Descobrimos que até para morrer antes da hora precisamos da ajuda de alguém."
Eliana diz que, volta e meia, essas ideias ainda a visitam, mas que hoje tenta aliviar suas angústias nas sessões semanais de análise.

Marisa Cauduro/Folhapress
Eliana Zagui, que desde os dois anos vive em hospital, escreve em seu livro dedicatória
Eliana Zagui, que desde os dois anos vive em hospital, escreve em seu livro dedicatória
Pergunto se sonha em viver na casa dos pais. "Não. Eu iria estagnar", responde convicta. Mas, sim, ela sonha em morar fora do hospital.
Em dezembro último, pela primeira vez em 36 anos, passou o Natal fora do HC, na casa de amigos. Foi de maca e com respirador artificial portátil. "Foi uma experiência ótima, indescritível."
Quanto ao livro, Eliana diz esperar que ele ajude "aqueles que não querem nada com a vida". "É claro que cada um tem as suas dores. A minha desgraça não é maior que a sua nem a sua é maior que a minha. Mas é sempre bom poder aprender a tirar o que vale a pena da vida."
PULMÃO DE AÇO
AUTORA Eliana Zagui
PREÇO R$ 36
PÁGINAS 240
EDITORA Belaletra

Projeto de acessibilidade inscreve cegos para uso de computadores

A Secretaria de Acessibilidade da Universidade Federal do Ceará seleciona 20 novos usuários para o Projeto Acessibilidade e Inclusão, iniciado em 2004 e que oferece serviço de uso de computadores por pessoas cegas e/ou com baixa visão, em laboratório de informática.


Os computadores dispõem do sistema Dosvox e leitores de tela como o NVDA e ORCA, que permitem aos usuários editar textos, acessar a Internet, enviar e receber e-mails e usar outros aplicativos computacionais. Com orientação de bolsistas e professores da UFC, os participantes com deficiência visual podem estudar, realizar pesquisas e desenvolver outras atividades ligadas à educação e profissionalização.

O serviço – totalmente gratuito – será oferecido todos os dias, exceto quarta-feira à tarde, nos seguintes horários: pela manhã, de 8h às 10h e de 10h às 12h; e à tarde, de 14h às 16h e de 16h às 18h. O período de inscrições se encerra quando todas as vagas forem preenchidas. Os documentos necessários para a inscrição são os seguintes: xerox do RG e comprovante de vínculo escolar e/ou documento comprobatório de vínculo com instituição especializada para cegos.

Para inscrever-se, é necessário ter idade mínima de 13 anos, ser alfabetizado, estar vinculado a uma instituição de ensino e/ou especializada para cegos e estar disposto a participar das atividades de interesse do Projeto. As inscrições podem ser feitas na sede do Projeto Acessibilidade e Inclusão, na Secretaria de Acessibilidade da UFC (Av. da Universidade, 2683 – Bloco 4 da Área 1 do Centro de Humanidades, vizinho à Biblioteca da unidade acadêmica, no Campus do Benfica), de 8h às 12h e de 14h às 17h. No mesmo horário, mais informações podem ser obtidas através do telefone (85) 3366.7660. 


Fonte: Portal da UFC
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