terça-feira, fevereiro 14, 2012

Deficiência visual não impede que radialista trabalhe e viva o futebol

A cada dia, o futebol é visto por mais ângulos. As transmissões possuem tecnologia de alta definição e são dezenas de câmeras para trazer ao telespectador os mínimos detalhes de cada jogada. Agora, imagine fechar essa janela e acompanhar o futebol só pelos sons da torcida ou pela voz do narrador.
Essa é a realidade do radialista da 98 FM,Henry Xavier, apaixonado por futebol e profissional da comunicação há 11 anos. A sua deficiência visual não o impede de fazer o que mais gosta e, pelo contrário, o obriga a desenvolver uma criatividade que o auxilia no trabalho.
- Você imagina o campo e com o tempo passa ter noção de onde está cada jogador, onde se colocam dentro de campo. Muitas das vezes, tudo que você imagina é o que você está pensando.
No trabalho, Henry é recebido como qualquer outra funcionário. Ajuda na produção dos programas, grava entrevistas e, quando é chamado, entra no ar ao vivo .
- Vejo todas as funções que ele faz como uma coisa natural, como o uso do computador que, claro, é adaptado, mas não vejo como algo diferente – argumenta o comentarista Guilherme de Paula.
Não tem que ficar se lamentando. Tem que chegar e trabalhar. Mostrar que se pode fazer"  Henry Xavier
Através de um programa especial, o computador diz tudo que está na tela e Henry vai transformando para a linguagem do braile. Xavier também não foge da correria dos dias de jogos, onde precisa desempenhar mais do que uma função ao mesmo tempo.
- Dia de jogo fico com dois, três fones de ouvido ouvindo a 98 FM, uma rádio de fora e o computador. O plantão tem sempre que estar preparado, quando o narrador chama para passar a informação pedida.
E os elogios vêm de todos pela sua capacidade.
- Quando conheci o Henry e, sabendo que é deficiente visual, foi um motivo a mais para saber que ele é muito bom. Ele tem facilidade em muitas coisas, tem uma memoria privilegiada.
Receber elogios não muda a característica do radialista, que também demonstra que a sua deficiência não é motivo para ser considerado diferente ou motivo de pena.
- As pessoas passam a ver de outra forma. Não tem que ficar se lamentando. Tem que chegar e trabalhar. Mostrar que se pode fazer.

Portadores de deficiência ainda encontram desafios

Encontrar uma fórmula correta é a principal dificuldade para a inserção do portador de deficiência no mundo do trabalho. E recente projeto de lei do deputado Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), que aumenta a cota obrigatória para contratação por empresas privadas de portadores de deficiência e pessoas
A solução deste problema atinge várias esferas, sobretudo pela carga emocional envolvida — muitas vezes inseparável do campo técnico da questão. Contudo, o quadro tem merecido amplo debate no mundo jurídico, sempre com o objetivo de encontrar a melhor forma de aplicação do conjunto normativo, atendendo os anseios da inclusão social do portador de necessidades especiais.

A atual Lei de Cotas (Lei 8.213/1991) obriga as empresas com cem ou mais empregados a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com portadores de deficiência. De acordo com o novo projeto, essa obrigação passaria a ser instituída para as empresas com mais de 30 empregados e amplia o percentual máximo para 8%, em vez dos 5% atuais.

É importante ressaltar que a simples inclusão do portador de necessidades especiais no mercado de trabalho, sem um estudo e trabalho específico, tem como resultado sua total exclusão. O simples cumprimento de cotas pela iniciativa privada não significa inclusão. Atualmente, é quase impossível que as empresas consigam cumprir as cotas estabelecidas por lei. E não é por falta de vontade. A inclusão atual é realizada sem a preocupação adequada por parte do Estado, quanto à adequação (habilitação e reabilitação) do deficiente ao exercício da função e ao novo mundo do trabalho.

Entre os direitos fundamentais da República Federativa do Brasil encontramos a defesa da dignidade da pessoa humana e dos valores sociais do trabalho. Ambos destacados na Constituição Federal como “direitos fundamentais”. E nesses princípios fundamentais está também a inclusão do portador de necessidades especiais no mercado de trabalho. Isso porque o trabalho é livre, desde que atendidas as qualificações profissionais que a lei estabeleça, ou seja, a própria liberdade de trabalhar pode encontrar limites na qualificação da pessoa.
E por isso acredito que este novo projeto de lei, que estabelece novas cotas e porcentagens, com todo respeito, é um equívoco. Hoje em dia, as Delegacias Regionais do Trabalho (DRTs) o Ministério Público e iniciativa privada tem absoluta consciência da impossibilidade do cumprimento das costas. Principalmente, porque o Estado, através do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), não tem condição de atender a demanda para a reabilitação dos portadores de necessidade especiais.

E aí que está o equívoco do projeto, pois não se discute as possibilidades para habilitar o deficiente físico para uma determinada função para depois pensar em inserção no mercado de trabalho. Atualmente, muitas empresas contratam estes profissionais sem a real capacidade para função apenas para que constem num documento, com o objetivo de não ter problemas futuros com a fiscalização trabalhista. E podemos chamar isso de inclusão?

Na verdade essa atitude gera uma exclusão completa do deficiente físico. Isso porque, mesmo ele sendo um funcionário registrado, sequer comparece à empresa. Este novo projeto deveria sim debater e exigir uma nova política pública que permita a reabilitação ou habilitação do deficiente físico para exercer uma atividade no mercado de trabalho. Este sim seria o melhor horizonte para o cenário negro atual.

Talvez fosse interessante observar a postura, quanto à inclusão de deficientes, de outros países, como Espanha, França e Alemanha. Na Alemanha existem incentivos especiais para a contratação, contribuição para um fundo destinado à habilitação e reabilitação, assim como incentivos fiscais para as empresas que cumpram cotas. Na Espanha, há incentivos fiscais e subsídios para o cumprimento das cotas. E se destaca a existência de agências oficiais de empregos, sendo permitido às empresas o não cumprimento de cotas, desde que não haja mão-de-obra disponível. Isso parece bem adequado à realidade brasileira.

Independente da fórmula, o importante é reconhecer que o objetivo de cumprimento de cotas é de toda a sociedade. Mas tornar o regime de cotas ainda mais difícil, isoladamente, não resolve hoje e não resolverá no futuro o problema da inclusão do deficiente. O que acontecerá será a perpetuação da posição adotada hoje pelos principais atores: de um lado o Estado que cobra o cumprimento de cotas e de outro lado a empresa, sustentando a inviabilidade do cumprimento. Enquanto isso, o deficiente continua a ser um “pseudo inserido” no mundo do trabalho.

Portadores de deficiência não vão pagar por adaptações em residências do Minha Casa, Minha Vida

A acessibilidade pode se tornar obrigatória no Programa Minha Casa, Minha Vida, de habitação popular. A Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo (CDR) aprovou nesta terça-feira (14) o Projeto de Lei do Senado 650/11, que obriga as construtoras a atender às demandas de acessibilidade de portadores de deficiências beneficiárias do programa habitacional do governo.
A proposta determina que, além dos 3% de unidades imobiliárias que devem ser entregues já adaptadas para idosos ou pessoas com deficiência, as construtoras devem arcar com os custos de adaptação de outras unidades sempre que houver demandas por parte de beneficiários idosos ou com deficiência.
De autoria do senador Humberto Costa (PT-PE), o PLS 650/2011 teve voto favorável do relator, senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF).
- Embora a lei vigente já destine 3% dos imóveis construído no Programa Minha Casa, Minha Vida, não parece justo que uma vez comercializada as unidades acessíveis, os idosos ou portadores de deficiência tenham de arcar pessoalmente com os custos das adaptações necessárias para moradia - explicou o relator.
Rollemberg lembrou que, segundo o IBGE, pelo menos 10% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência. Mesmo assim, o senador acredita que não será grande o número de unidades a serem adaptadas além dos 3% previstos na lei. Aprovada na CDR, a proposta segue agora para análise da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) em caráter terminativo.

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

QUANTAS CALORIAS SE QUEIMA EM UMA CADEIRA DE RODAS

 Uma pessoa que usa cadeira de rodas manual pode queimar até 120 calorias em meia hora, enquanto caminha a 3 km/h em uma superfície plana, que é três vezes mais do que alguém fazendo a mesma ação em uma cadeira de rodas motorizada.
Isso baseia-se em um recente artigo de revisão do Professor David Bassett Jr., da Universidade de Tennessee. Ele calcula os custos de calorias de várias atividades físicas para pessoas que usam cadeiras de rodas manuais e os resume em uma única fonte. O artigo foi publicado na Quarterly Atividade Física Adaptada.
A revisão deve ser útil para aqueles que querem criar questionários de atividade física e desenvolver recomendações para pessoas com deficiência. Ele também mostra a pessoas com deficiência que podem obter benefícios de saúde, os quais são aumentados quando se exercitam de forma moderada ou vigorosa, disse Bassett.
Pode ser simplesmente empurrando sua cadeira junto enquanto leva seu cão para uma caminhada, ou jogar basquete de cadeira de rodas, mas a mensagem é de que existe uma possibilidade de gastarem um número significativo de calorias.
Bassett foi co-autor de outro documento intitulado "Compêndio de Atividades Físicas de 2011" para pessoas saudáveis. O estudo, que foi financiado pelo Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, contém uma lista de atividades que é atualizado continuamente e é amplamente utilizada. Mas ele viu a necessidade de desenvolver um recurso comparável para aqueles que usam cadeiras de rodas.
A revisão contou com mais de 250 estudos com dados de gasto energético em atividades físicas de indivíduos que usam cadeiras de rodas. Eles identificaram 63 atividades, que incluem situações de sedentarismo, tarefas domésticas, transporte/locomoção, e exercício.
O Departamento de Saúde dos EUA e Ciências Humanas recomenda que os adultos com deficiência devem receber pelo menos 150 minutos por semana de exercício moderado ou 75 minutos de exercício vigoroso por semana. A sugestão é a mesma para pessoas não cadeirantes.
Segue uma lista parcial de atividades relacionadas com cadeira de rodas e sua queima calórica (realizada por um adulto com aproximadamente 70 quilos em 30 minutos):
• Assistir TV: 40 kcal
• Ténis de mesa: 80 kcal
• Passar aspirador: 98 kcal
• Basquetebol (arremesos): 116 kcal
• Basquetebol (jogo): 221
• Tenis: 149 kcal
Referência do estudo:
Scott A. Conger, David R. Bassett, Jr. A Compendium of Energy Costs of Physical Activities for Individuals Who Use Manual Wheelchairs. Adapted Physical Activity Quarterly, 2011.

sábado, fevereiro 11, 2012

Vereador de Fortaleza propõe projeto de praia acessível para cadeirantes


Entre as ideias do vereador, estão o uso de cadeiras de rodas flutuantes.
Cadeirantes de Fortaleza cobram uso de acessibilidade em praias.



O vereador de Fortaleza Joaquim Rocha (PV) propôs na Câmara Legislativa a criação do "Programa Praia Acessível". O objetivo, segundo o vereador é oferecer aos cadeirantes e às pessoas com mobilidade limitada um melhor acesso à areia e ao mar no litoral da capital cearense.
Com a proposta, cadeirantes poderão praticar esportes ao ar livre e até tomar banho de mar com a ajuda de uma cadeira anfíbia, que flutua na água. O vereador propõe ainda que orla marítima de Fortaleza ofereça vagas de estacionamento para deficientes, tenda, rampa, banheiros e chuveiros adaptados, deck e uma esteira especial que vai da área até o mar.
“A praia é um dos espaços públicos mais democráticos e essa adaptação precisa ser feita. Só assim permitiremos que mais pessoas ultrapassem os calçadões das prais e desfrutem as belezas do litoral fortalezense”, defendeu o vereador.
Ainda segundo a proposta do vereador Joaquim Rocha, caso a proposta seja aprovada, servidores da prefeitura de Fortaleza seriam responsáveis por conduzir cadeirantes nas cadeiras flutuantes. "A ideia é que um profissional capacitado da prefeitura pudesse conduzir pelo mar o cadeirante e depois retornasse com segurança. É um direito de todas as pessoas", defende.
Cidades do Rio de Janeiro e São Paulo já adotam o modelo de praia acessível. Em Fortaleza, cadeirantes lançaram em janeiro uma campanha em favor da acessibilidade na Praia do Futuro. Com o tema "Praia Acessível, Lazer para Todos", os participantes da campanha percorreram com faixas e mobilizaram os banhistas que passavam pelo calçadão da praia.
Entre os problemas de acessibilidade denunciados pelos cadeirantes na Praia do Futuro, estão carros estacionados em frente à rampa que dá acesso ao calçadão e o piso irregular de algumas barracas. “Nas praias, nós não temos vagas nem calçadas próprias para cadeirantes. O banho de mar é praticamente impossível”, diz Fátima Braga, da Associação Brasileira de Amiotrofia Espinhal.
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